Quando eu era jovem, muito jovem, por volta de 16 anos, tive a primeira parte de uma visão que me influenciou pelo resto da vida. Eu era um cartunista iniciante e um dia, desenhando junto com outro garoto que havia recém-chegado de um estágio nos estúdio do Mauricio de Souza, percebi que todos os personagens que ele criava eram iguais ao Cebolinha, a Mônica e o Cascão. Ele havia perdido a personalidade de seu traço. Fiquei horrorizado e decidi que jamais faria o mesmo. Eu queria o meu traço, a minha personalidade. Anos depois, a segunda parte da visão: eu colaborava com textos em um programa de rádio e um dia pedi que tocassem uma música da Elis Regina logo após a leitura de meu texto, pois eu me referia a ela. A resposta: não podemos tocar, temos uma lista aqui com as músicas que devemos tocar e essa não está lá. Fiquei horrorizado com a total falta de independência artística por conta de interesses comerciais. Decidi que jamais ia querer isso para mim. Na sequência, a terceira parte da visão: ao lançar meu primeiro livro, o contato com o mundo das editoras. Eu criei o livro e as editoras começaram a dar pitaco de todo lado. A capa era elas que definiam, queriam mexer no meu texto, que eu mudasse meu estilo, minha abordagem... queriam que eu deixasse de ser eu para ser uma fórmula que, segunda elas, era o que vendia. Fiquei horrorizado e decidi que aquilo não era para mim. Percebi que se eu colocasse o meu trabalho nas mãos de terceiros, que decidissem como eu devia fazer, como distribuir, como chegar ao público, o resultado seria algo que não eu. E então, mais de 20 anos atrás, tomei a decisão de ser orgulhosamente um independente. Com minhas plataformas próprias, usando redes sociais para fazer marketing exclusivamente. Sem depender delas, sem ficar na sombra de uma grande marca, sem depender da estrutura de um terceiro para sobreviver. E tô por aí até hoje, assistindo uma porção de criadores de conteúdos jovens e dinâmicos gritando contra o Youtube, contra o Facebook, contra o Twitter, contra o Instagram, que os cancela a cada vez que eles tentam ser eles mesmos. Agora estou vendo vários indo para o caminho que eu adotei 20 anos atrás. Boa sorte, moçada. Mas saibam que esse caminho é mais íngreme, tem menos visibilidade, menos likes, menos oba-oba e menos brilho que aquele anterior, que vocês pensavam que era de vocês. Mas neste novo caminho, tem liberdade. Continuo a reflexão neste vídeo.
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